terça-feira, 18 de agosto de 2020

MATEUS 5.1-48 [O Sermão no monte]

[O Sermão no monte]

5.1  Ora, vendo as multidões Jesus subiu ao monte, e tendo se assentado os Seus discípulos(12 Os ‘doze’ ainda não tinham sido escolhidos, de sorte que aqui havia um número bem maior de seguidores) se aproximaram dEle. 2 E abrindo a Sua boca(13 Esta frase parece ser uma expressão idiomática hebraica usada para pronunciamento formal ou sério. )começou a ensiná-los, dizendo:

 [As bem-aventuranças]

(14 - As ‘bem-aventuranças’, em número de oito, são de alcance genérico, sendo um tipo de convite; Jesus convida as pessoas a abraçarem os valores do Reino, mostrando as consequências benéficas de semelhantes atitudes. As ‘bem-aventuranças’ devem ser interpretadas do ponto de vista de Jesus, não do nosso, ou de quem quer que seja. Lembrar também que nenhum benefício do sangue derramado do Cordeiro de Deus é automático – tudo é em potencial. As promessas de Deus têm que ser aproveitadas, mas a caminho as condições prévias têm que ser preenchidas. A parte de Deus é garantida, mas não a nossa; há níveis de aproveitamento. Lembrar a parábola do semeador, ou dos solos; as sementes que caíram na boa terra produziram em níveis diferentes – 100%, 60%, 30%.)

3 “Abençoados os pobres em espírito,(1- Ser ‘pobre em espírito’ significa ter espírito humilde. Não diz respeito a dinheiro, e sim a atitude. Alguém pode não gostar do termo ‘pobre’, mas está assim no Texto. É bom lembrar que o Soberano Criador não se encarnou no Brasil, falando português, e sim em Israel, falando hebraico – humildade, pois. Para uma explicação detalhada, favor de ver “Ser pobre em espírito = ter espírito humilde” no Apêndice. ) pois deles é o Reino dos céus.(2 Se o reino é deles, eles fazem parte desse reino. Ninguém entra no Reino sem ter espírito humilde, mas nem todos que tem espírito humilde entram no Reino; não necessariamente.) 4 Abençoados os que lamentam,(3 O ‘lamentar’ aqui não é choro porque você está doendo; nem é choro de luto porque você perdeu um ente querido. É lamentação pelo mal e pelo pecado, e as consequências de ambos. Para uma explicação detalhada, favor de ver “Lamentar, não chorar – Mateus 5.4” no Apêndice. ) pois eles serão consolados. 5 Abençoados os mansos,(4 ‘Manso’ não é ‘fraco’, é poder sob controle. Foi dito de Moisés que era o homem mais manso da sua época, exatamente porque era também o mais poderoso. Jesus disse a Seu próprio respeito que era ‘manso’, e era também o mais poderoso. Mas em que sentido prático podem os ‘mansos’ ‘herdar a terra’, a começar pela terra onde residem? Para uma explicação detalhada, favor de ver “Manso não é fraco” no Apêndice. ) pois eles herdarão a terra. 6 Abençoados os que têm fome e sede da retidão moral,(5 As versões em português costumam trazer ’fome e sede de justiça’, o que pode enganar o leitor. Sim, porque o leitor normalmente vai pensar no poder judiciário, onde fazer justiça é impor ao criminoso a punição merecida. Quando vítima de crime pede justiça, é nisso que ele está pensando. A dificuldade é que o vocábulo grego aqui, δικαιοσυνη (dikaiossune), nada tem a ver com essa ‘justiça’; diz respeito a retidão moral perante Deus e os homens. Já pensei em traduzir como ‘justiça moral’, mas não evita o problema do engano, pelo menos não completamente. Então, entendo por bem evitar ‘justiça’ neste contexto. Para uma explicação detalhada, favor de ver “Fome e sede de retidão moral” no Apêndice.) pois eles serão satisfeitos.7 Abençoados os misericordiosos, pois eles receberão misericórdia.(6  Parece claro que o intuito desta ‘bem-aventurança’ é incentivar a misericórdia. Devemos entender a diferença entre graça e misericórdia. Receber graça é ser contemplado com um benefício não merecido (benefício merecido é salário). Já ser contemplado com misericórdia é deixar de receber um castigo merecido, uma consequência negativa do que se fez. Uma parte da importância desta ‘bem-aventurança’ deriva de ser verdade também o oposto: quem não for misericordioso, também não receberá misericórdia. Para uma explicação detalhada, favor de ver “Misericordioso recebe misericórdia” no Apêndice. ) 8 Abençoados os puros no coração, pois eles verão Deus. 9 Abençoados os fazedores de paz,(8  “Abençoados os fazedores de paz, pois eles serão chamados filhos de Deus.” Podemos começar com duas perguntas: 1) eles fazem paz entre quem? e 2) eles serão ‘chamados’ por quem? Nas outras sete ‘bem-aventuranças’ o resultado é afirmado de forma direta, mas aqui Jesus não disse, ‘eles serão filhos de Deus’, e sim, ‘eles serão chamados filhos de Deus’. Mas devo começar com a primeira pergunta: ‘fazer paz entre quem?’ – terá que ser uma atividade que Deus pode abençoar. Primeiro, fazer paz com Deus não seria, porque “há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens – um homem! – Cristo Jesus” (1 Timóteo 2.5). “Ele é a nossa paz” (Efésios 2.14), mesmo porque Ele é o “Príncipe da Paz” (Isaías 9.6). Como então, fazer paz entre quem? Fazer paz com o mal e os que se venderam ao mal não pode ser. O próprio Deus odeia os que praticam a iniquidade (Salmo 5.4-6); e Ele ordena que nós odiemos o mal (Salmo 97.10). Mesmo porque “não há paz para os ímpios, diz o meu Deus” (Isaías 57.21). E temos o exemplo do Senhor Jesus: Ele nunca fez por aonde conciliar os saduceus e fariseus; antes os denunciou violentamente. Pois então, fazer paz entre quem? Entendo que seria promover a paz entre as pessoas, quando há briga entre irmãos na igreja, ou entre familiares, e quem sabe entre regiões e povos. Como as guerras sempre trazem sofrimento para ‘inocentes’, tentativas de evitar guerra devem ser encorajadas. Quer dizer, menos com filhos de Deus) pois eles serão chamados filhos de Deus. 10 Abençoados os que têm sofrido perseguição por causa de retidão moral,(1 Esta oitava ‘bem-aventurança’ tem a mesma promessa que a primeira: “deles é o Reino dos céus”. Se o reino é deles, então eles fazem parte do mesmo. Para que alguém aceite sofrer por alguma causa (e quanto mais duro o sofrimento, pior), deve estar bastante convencido quanto à veracidade e a importância dessa causa, e ter compromisso firme com a mesma. O Texto diz, “os que têm sofrido”, o que significa que permaneceram fiel debaixo da perseguição – não ‘amarelaram’, não se entregaramAliás, é exatamente porque não amarelaram que podem entrar no Reino. Lembrar Apocalipse 21.8 – “Quanto aos covardes e aos incrédulos . . . e todos os falsos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, o que é a segunda morte.” O Soberano Jesus foi bem claro em Mateus 10.33 – “Qualquer que me negar diante dos homens, eu também o negarei diante do meu Pai nos Céus”. Quem Jesus negar está frito! Existem vários textos que falam da fidelidade de Deus e da certeza da nossa herança em Cristo. Vou citar aqui apenas dois. 2 Timóteo 1.7 – “Deus não nos tem dado um espírito de medo/covardia, mas de poder e amor e autocontrole.” Qualquer espírito de medo não é de Deus e deve ser rechaçado. 1 Coríntios 10.13 – “Não sobreveio a vocês teste que não fosse comum aos homens; e Deus é fiel, que não permitirá que sejam testados além do que podem suportar; antes, com o teste dará também o escape, para que o possam suportar.” Coragem, pois!  ) pois deles é o Reino dos céus. (2 - Essas ‘bem-aventuranças’ estão na 3ª pessoa e devem ser de aplicação geral. A partir do verso 11 Jesus utiliza a 2ª pessoa, daí a aplicação específica deve ser a Seus discípulos.)

[Para discípulos] 

11 “Abençoados são vocês quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem toda sorte de malignidade contra vocês por minha causa. 12 Regozijem-se e exultem, porque é grande a vossa recompensa nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que antecederam vocês.(3 - Os profetas só foram perseguidos quando falaram, aí o pessoal não gostou! Nós também temos que falar. ) 13 Vocês são o sal da terra; mas se o sal se tornar insípido, com que se salgará? Para nada mais presta senão para ser jogado fora e ser pisoteado pelos homens.(4 - ‘Cristãos’ que cedem diante dos valores e estilo de vida do mundo são como sal insípido – só servem para ser jogados fora. (Sal insípido era jogado no caminho, que ajudava a diminuir a poeira.) As implicações disto se tornam cada vez mais sérias no mundo de hoje. ) 14 Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte. 15 Nem se acende uma candeia e se coloca debaixo do cesto, mas sobre o candeeiro, e ilumina a tudo que está na casa. 16 Assim mesmo brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que existe nos céus.(5 - Bem, hoje em dia se você defender em público valores bíblicos é mais provável que seja perseguido, e não louvado; mas quanto mais escura a noite, mais longe se enxerga qualquer luz) 

[Jesus interpreta a Lei] 

17 “Não pensem que vim destruir a Lei ou os Profetas; não vim destruir mas cumprir. 18 Pois deveras lhes digo: Até que, eventualmente, passem o céu e a terra, absolutamente não passará da Lei sequer um iota ou um til até que tudo aconteça.(6 O Senhor faz uma forte declaração acerca da preservação através dos tempos da exata forma do Texto Sagrado (o código da Bíblia). Já que nosso único acesso ao sentido é através da forma (de um texto), qualquer alteração afetará o sentido. Uma das maneiras mais eficientes de anular um mandamento é corromper o Texto – algo que Satanás entende muito bem. [1 Crônicas 16.15, João 12.48, Apocalipse 22.18-19] ) 19 Portanto, qualquer que anular um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no Reino dos céus; mas qualquer que os fizer e ensinar, este será chamado grande no Reino dos céus. 20 Pois eu lhes digo que se a vossa retidão moral não for bem superior à dos escribas e fariseus, vocês absolutamente não entrarão no Reino dos céus!(1 Morou?! Se você for como os escribas e fariseus, quais as tuas chances? )

[Respeitar os outros, principalmente ‘irmãos’]

21 “Vocês ouviram que foi dito aos antigos, ‘Não assassinarás, daí quem quer que assassine estará sujeito ao julgamento’.(2 Os escribas tinham diluído o Texto – a Lei exige pena máxima (Êxodo 21.12). As nossas Bíblias geralmente trazem uma tradução inadequada do sexto mandamento. O verbo hebraico significa ‘assassinar’, e não ‘matar’, pois este verbo é genérico demais – o próprio Deus manda matar, em determinados casos. ) 22 Mas eu lhes digo que cada um que se zangar contra seu irmão sem motivo(3 Menos que 2% dos manuscritos gregos, de qualidade objetivamente inferior, omitem “sem motivo” (como em NVI, LH, [Atualizada], etc.). NVI nos ‘favorece’ com uma nota de rodapé: “Alguns manuscritos acrescentam ‘sem motivo’” – por “alguns” eles querem dizer mais que 98% deles [uns 1.700]!! Mais sério, o texto truncado tem o efeito de proibir ira, que viria contradizer outras Escrituras (Efésios 4.26, Salmo 4.4) e o exemplo do próprio Senhor Jesus (Marcos 3.5). ) estará sujeito ao julgamento;(4 Deus odeia a injustiça e a julgará.) e qualquer que disser a seu irmão, ‘seu’ burro!, estará sujeito ao Sinédrio;(55 O próprio texto grego traz uma transliteração do vocábulo aramaico, raka. A ideia parece ser que a expressão representa uma ofensa que poderia levar a um processo jurídico por difamação de caráter, ou coisa que valha.) mas qualquer que disser, ‘seu’ imbecil!, estará sujeito ao fogo do inferno.(6 A ideia aqui parece ser de ofensa contra o Criador, denegrindo Sua imagem, rebaixando Sua obra. Contudo, observar que o Senhor está tratando de dizer isto a um irmão. Pois Ele próprio aplicou este termo aos escribas e fariseus no capítulo 23 (Mateus). Os versos 22-24 aqui versam sobre como tratar ‘irmãos’. Considere Tiago 4.11-12: “Irmãos, não falem mal uns dos outros. Porque quem fala contra um irmão e julga seu irmão está falando contra uma lei e julgando uma lei. Daí, se você julga uma lei, não é fazedor de lei e sim, juiz. O Legislador e Juiz é Um, Aquele que pode salvar e destruir. Tu, porém, quem és, que julgas alguém que é diferente?” Fiquei surpreso ao ver o vocábulo grego ετερος aqui, que normalmente diz respeito a um tipo diferente. Pessoalmente, não gosto de lidar com ‘irmãos’ que são diferentes demais; prefiro pôr em dúvida se seriam mesmo irmãos! Mas Tiago me alerta contra fazer isso. Cada pessoa é diferente (procedência, experiências, personalidade, formação) e devemos reconhecer que Deus pode e vai lidar de maneira diferente com pessoas diferentes. Ele utiliza uma ‘lei’ comigo, outra ‘lei’ contigo, e assim por diante. Uma lei é um conjunto de regras ou obrigações, de sorte que quando julgo um irmão, estou questionando a maneira (‘lei’) em que Deus está trabalhando ele. Sendo que Ele é tanto Legislador como Juiz, terei de prestar contas a Ele pela maneira que julguei meus ‘irmãos’. (Em vez de ‘diferente’, o texto grego eclético ora em voga traz ‘vizinho’, seguindo uns 12% dos manuscritos gregos.) ) 23 Portanto, se você trouxer a tua oferta ao altar, e ali se lembrar de que teu irmão tem algo contra você,(7 - O verso 23 está ligado ao 22; está em jogo um insulto ou uma injúria – seria uma ação deliberada, um acontecimento desagradável que ficaria na memória.) 24 deixa a tua oferta ali, diante do altar, e vai; primeiro seja reconciliado com teu irmão, e vindo então, oferece a tua oferta.(8 - Versos 23-24 têm a ver com dívida moral, através de linguagem abusiva. )  25 “Seja bem disposto a teu adversário depressa, enquanto está a caminho com ele, para que o adversário não te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao guarda, e seja jogado prisão adentro! 26 Deveras lhes digo: De maneira alguma sairá você de lá enquanto não pagar o último centavo.(9 - Versos 25-26 têm a ver com dívida financeira, contraída por empréstimo, dano a propriedade, etc. Não há dúvida quanto ao fato da dívida, e o prazo cabível se esgotou, e está a caminho do fórum – nessas circunstâncias o jeito que tem é humilhar-se diante do credor, pedindo prorrogação.) 



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